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16 de fevereiro de 2011

Interpretação da Bíblia

Estava a ler o livro Entendes O Que Lês para actualizar as aulas da Escola Móvel do IBP e li uma parte que me parece muito útil para todos nós que lemos a Palavra de Deus. Vale a pena ler todo o texto e reflectir sobre ele :)

"Porque é que as pessoas acham tão frequentemente nas narrativas bíblicas lições que não estão lá - atribuindo à Bíblia suas próprias noções ao invés de tirar da Bíblia aquilo que Deus quer que saibam? Há 3 razões principais. Primeiramente, estão desesperadas - desesperadas por informações que as ajudarão, que serão de valor pessoal, que se aplicarão à sua própria situação. Em segundo lugar, estão impacientes; querem suas respostas agora, deste livro, deste capítulo. Em terceiro lugar, esperam erroneamente que tudo na Bíblia se aplique directamente como instrução para suas próprias vidas individuais. A Bíblia é um grande recurso. Contém tudo quanto um cristão realmente precisa em termos de orientação da parte de Deus para viver. Mas nem sempre contém respostas tão específicas e pessoais quanto algumas pessoas gostariam, e não contém todas as informações em cada capítulo de cada livro! As pessoas, demasiadamente impacientes para descobrirem a vontade de Deus da Bíblia com um todo, cometem enganos - levam-se a interpretar mal partes individuais das Escrituras.

A fim de que você possa evitar esta tendência, alistamos aqui os 6 erros mais comuns de interpretação que as pessoas cometem ao procurarem respostas de partes isoladas da Bíblia. Embora todos estes se apliquem a narrativas, não são limitados a elas.

1. Alegorização. Ao invés de se concentrarem no significado claro, as pessoas relegam o texto a uma mera reflexão doutro significado além do texto. 

2. Descontextualização. Desconhecendo os contextos integrais históricos e literários, e frequentemente a narrativa individual, as pessoas concentram-se somente nas unidades pequenas e, assim, deixam de perceber os indícios para a interpretação. Se você descontextualizar suficientemente, pode fazer quase qualquer parte da Escritura dizer qualquer coisa que você quiser.

3. Selectividade. É análoga à descontextualização. Envolve a deliberada escolha de palavras e frases específicas para concentrar a atenção. Desconsiderando as demais, e desconsiderando o alcance global da passagem que está sendo estudada. Ao invés de fazer um equilíbrio entre as partes e a totalidade, desconsidera algumas das partes e a inteireza da totalidade.

4. Combinação Falsa. Esta abordagem combina elementos daqui e dali numa passagem e tira uma lição da sua combinação, ainda que os próprios elementos não estejam directamente vinculados entre si na própria passagem. (...)

5. Redefinição. Quando o sentido claro do texto deixa as pessoas sem emoções, sem produzir nenhum deleite espiritual imediato, ou diz alguma coisa que não querem ouvir, frequentemente são tentadas a redefini-lo para dizer outra coisa. (...)

6. Autoridade Extracanônica. Mediante o emprego dalgum tipo de chave às Escrituras, especial e externa, usualmente uma colectânea de doutrina ou um livro que alegadamente revela verdades bíblicas que doutra forma não podem ser conhecidas, as pessoas supõem que podem destravar os mistérios da Bíblia. As seitas usualmente operam com base em uma autoridade extracanônica, e tratam a Bíblias mais ou menos como uma série de enigmas cuja solução exige um conhecimento especial. 

Talvez a precaução isolada mais útil que possamos lhe oferecer a respeito de ler e aprender as narrativas seja a seguinte: Não seja um leitor da Bíblia tipo macaco-vê-macaco-faz. Nenhuma narrativa da Bíblia foi escrita especificamente acerca de você. (...)

As personagens bíblias às vezes são boas, às vezes são más, às vezes são sábias, e às vezes são estultas. Às vezes são castigadas, às vezes recebem misericórdia, às vezes passam bem, às vezes são muito infelizes. 

Você tem a tarefa de aprender a Palavra de Deus com base nas narrativas acerca delas, e não procurar fazer tudo quanto foi feito na Bíblia. Simplesmente porque alguém numa história bíblica fez alguma coisa, não significa que você tem, ou permissão, ou a obrigação de fazê-la também.

O que você pode, ou deve fazer, é obedecer àquilo que Deus realmente conclama você a fazer na Escritura. As narrativas são preciosas para nós porque demonstram o envolvimento de Deus no mundo e ilustram Seus princípios e Sua chamada. Desta maneira, nos ensinam muita coisa - mas aquilo que nos ensinam directamente não inclui sistematicamente a ética pessoal. Para essa área da vida, devemos apelar para outras partes das Escrituras, para os vários lugares em que a ética pessoal realmente é ensinada de modo categórico e explícito. A riqueza e a variedade das Escrituras deve ser considerada nosso aliado - um recurso bem-vindo, e nunca um fardo complicado."


(livros que são compostos, em grande medida ou inteiramente, de matéria narrativa: Génesis, Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Crónicas, Esdras, Neemias, Daniel, Jonas e Ageu; por porções narrativas substanciais: Êxodo, Números, Jeremias, Ezequiel, Isaías e Jó; por grandes porções de narrativa: Mateus, Marcos, Lucas, João e Actos)

Um comentário:

Ana & Gonçalo disse...

Mana amada, obrigada por partilhares...a realidade é mesmo essa!

Enquanto as pessoas quiserem um Deus que se adapte sempre às suas necessidades haverá sempre mais uma igreja diferente de todas as outras que já existem.

A verdade é que sabemos que quanto mais se aproximar o fim, mais isto irá acontecer porque a tendência é o homem descer até ao mais baixo nível e se afastar cada vez mais daquilo que seria a perfeita vontade de Deus...